quarta-feira, 19 de maio de 2010

SINTO VERGONHA DE MIM -RUY BARBOSA 2010

O poema de Rui Barbosa, transcrito a seguir, é de uma impressionante atualidade. Poderia ter sido escrito hoje sem mudar uma palavra. 2010

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo. Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaçoNão tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".

3 comentários:

Anônimo disse...

Como é bom lembrar desse poema de Ruy Barbosa.UM poema que, apesar de ter sido escrito há muitos anos, mostra ainda a realidade brasileira.
Quem deveria ter vergonha de sí mesmos seriam os Políticos Sujos e Covardes que infestam esta Nação.
SOUZA.

Edilúzia dos Santos disse...

Este poema de Ruy Barbosa, retrata o quadro em que o homem honesto vive atualmente, por seguir por caminhos certo, sentindo-se diferente. Os que deveriam dar sua contribuiçao para um mundo melhor, não os fazem, que é o caso de nossos políticos Corruptos e covardes.
Edilúzia dos Santos
30 de maio de 2010

Flavio disse...

Realmente é muito bom , infelizmente anda cada vez mais em voga, os que querem transformação são esmagados pelo sistema que segue corrompendo e corrompido.